Dois viajantes passeiam pela cidade no pós-pandemiaFoto por Andrea Piacquadio, no Pexels

Cativar hóspedes no período pós-pandemia: o que mudou?

29/07/2022
turismogestão alojamento localtendênciascovid

A pandemia deixou algumas marcas no setor do turismo e há tendências que vieram para ficar. Afinal, qual é o perfil do viajante pós-pandemia e o que podem os alojamentos fazer para cativá-lo e aumentar as suas reservas?

O setor do turismo e do alojamento vive finalmente uma época de retoma após o Covid. No entanto, estes dois anos deixaram a sua marca, criando novas tendências no setor das viagens e introduzindo mudanças no comportamento dos viajantes. Quem é afinal o viajante pós-pandemia? Quais são as suas principais necessidades e prioridades? Como podem os alojamentos adaptar-se para retirar o máximo partido destas oportunidades e aumentar as suas vendas?

Foi neste sentido que a ETC - Comissão Europeia para as Viagens apresentou o estudo “Exploring consumer travel attitudes and expectations to drive tourism recovery”, sobre o verão de 2022, baseado em entrevistas aprofundadas a consumidores do mercado europeu (França, Alemanha, Itália, Holanda e Reino Unido) e de mercados distantes (Austrália e Estados Unidos). A segunda parte do estudo, a publicar posteriormente, vai versar as expectativas de viagens para o inverno de 2022 e o ano de 2023.

Curioso em saber como o seu alojamento pode cativar estes viajantes e captar mais reservas? A Ynnov conta-lhe tudo.

  • Como é que a pandemia impactou a vida dos viajantes e o seu comportamento?
  • Que expectativas têm os viajantes para o verão de 2022?
  • Quais as principais recomendações que os alojamentos devem adoptar?

Como é que a pandemia impactou a vida dos viajantes e o seu comportamento?

Segundo o estudo da ETC, a maioria das pessoas que viajaram durante a pandemia ficaram satisfeitas com a experiência da viagem no local de destino. Os principais obstáculos encontrados foram a nível das deslocações, especialmente quando o meio de transporte foi o avião. Os procedimentos requeridos à entrada nos países (como testes e certificados) e o tempo adicional passado nos aeroportos foram alguns dos pontos apontados pelos entrevistados como os principais motivos de frustração e descontentamento. Durante a estadia, os hábitos de higiene e segurança foram facilmente aplicados.

Como expectável, o estudo aponta que o Covid-19 tornou os viajantes bem mais cautelosos. Hábitos como não marcar viagens com bastante antecedência, planear tudo com maior detalhe e cuidado e seguir alguns cuidados básicos de higiene e segurança durante a viagem foram hábitos que se enraizaram e vieram para ficar, pelo menos nos próximos tempos. Recorrer à internet para obter informação e até mesmo agendar os vários aspectos das suas viagens (estadias, transportes, atividades extra, etc) passou a ser uma constante para a maioria dos participantes.

Adicionalmente, muitos dos inquiridos referiram que estão agora mais abertos a fazer seguros de viagem (para mitigar potenciais perdas financeiras), que investigam as medidas de higiene dos alojamentos e que estão a restringir as suas viagens a destinos mais próximos (de forma a conseguir voltar mais rapidamente a casa em caso de emergência). Cerca de um terço das pessoas referiu que vai continuar a evitar sítios com grandes multidões nas suas viagens.

Gráfico da ETC sobre as principais mudanças na pesquisa e planeamento de viagens Gráfico da ETC (“Exploring consumer travel attitudes and expectations to drive tourism recovery”)

Que expectativas têm os viajantes para o verão de 2022?

Viajar está, sem dúvida, na agenda das pessoas, com 80% dos inquiridos a afirmar que é provável ou muito provável que agendem uma viagem este verão. Apesar de estarem a contar não ter de cumprir medidas de higiene e segurança muito restritivas, os turistas manifestaram o desejo de continuar a ver os destinos manter os altos padrões de higiene e cuidados postos em prática durante a pandemia (como, por exemplo, continuar a ter gel desinfectante à disposição dos hóspedes).

Outros aspectos importantes referidos foram o desejo de continuar a beneficiar de políticas de cancelamento flexíveis, bem como a valorização de uma boa ligação wi-fi que suporte férias híbridas de lazer e trabalho (como é o caso dos nómadas digitais , por exemplo). A nível mais macro, um desejo que também foi manifestado por vários dos inquiridos foi um serviço alternativo de transporte a nível europeu, de funcionamento semelhante à Uber.

Os países mediterrâneos estão, como expectável, entre os destinos preferenciais para a maioria dos viajantes para este verão. O top cinco apurado pela ETC é, assim, composto pela Espanha, Alemanha, França, Itália e Grécia. A ascensão da Alemanha à segunda posição relegou, infelizmente, Portugal para o 6º lugar do ranking. Os principais tipos de viagens mais procurados são natureza e ar livre, cultura e património, city breaks e sol e praia.

Nem o Covid nem a guerra entre a Rússia e a Ucrânia terão à partida um impacto negativo neste desejo de viajar pela Europa. Na realidade, 94% dos inquiridos referiram ter uma percepção positiva da Europa enquanto destino de viagens, sentindo-se apenas alguns mais cautelosos relativamente a visitar países da Europa de Leste.

Gráfico da ETC sobre os produtos e serviços que os viajantes esperam nas próximas viagens Gráfico da ETC (“Exploring consumer travel attitudes and expectations to drive tourism recovery”)

Quais as principais recomendações que os alojamentos devem adoptar?

Segundo a ETC, os alojamentos devem apostar em ofertas de última hora, de forma a cativar e acomodar as necessidades dos turistas que optaram por não fazer planos com antecedência. O uso da tecnologia como forma de angariação e venda de reservas, experiências e serviços complementares será um ponto a favor. Se as compras online já eram uma tendência crescente, agora tornaram-se um hábito enraizado na maioria dos viajantes.

As políticas de cancelamento flexíveis são também altamente recomendadas, pois esse é, sem dúvida, um dos aspetos mais valorizados pelo viajante pós-pandemia ao fazer as suas opções. Continue a divulgar abertamente a aplicação de medidas de higiene de relevo, porque isso continua a ser valorizado e a ser um factor de consideração na procura de um alojamento, agora que os hóspedes se habituaram a esse grau de exigência.

Adicionalmente, promover espaços e atrações menos conhecidas ou comuns será uma mais valia, para atrair os viajantes que estão agora direcionados para viver a experiência “real” dos locais, em vez de se restringirem à vertente mais comercial e massificada do turismo. Ao mesmo tempo, atividades outdoor e na natureza serão uma excelente maneira de captar hóspedes que ainda têm alguns receios relativamente ao Covid.

A nível macro, é recomendado aos países que promovam formas de transporte alternativas, para cativar viajantes que querem viajar para países próximos e, ao mesmo tempo, querem evitar aviões e aeroportos. É igualmente recomendado que países vizinhos realizem campanhas temáticas de marketing pan-europeias, para atrair turistas mais próximos. Se eventualmente voltarem a ter de ser implementadas medidas de segurança mais pesadas, os turistas valorizarão que sejam feitos acordos e haja coordenação entre os países sobre as medidas a aplicar, de forma a facilitar a obtenção de informação e a continuação das viagens.

Pode consultar o estudo completo no site da ETC , na secção Research > Publications.

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