O setor do turismo e do alojamento vive finalmente uma época de retoma após o Covid. No entanto, estes dois anos deixaram a sua marca, criando novas tendências no setor das viagens e introduzindo mudanças no comportamento dos viajantes. Quem é afinal o viajante pós-pandemia? Quais são as suas principais necessidades e prioridades? Como podem os alojamentos adaptar-se para retirar o máximo partido destas oportunidades e aumentar as suas vendas?
Foi neste sentido que a ETC - Comissão Europeia para as Viagens apresentou o estudo “Exploring consumer travel attitudes and expectations to drive tourism recovery”, sobre o verão de 2022, baseado em entrevistas aprofundadas a consumidores do mercado europeu (França, Alemanha, Itália, Holanda e Reino Unido) e de mercados distantes (Austrália e Estados Unidos). A segunda parte do estudo, a publicar posteriormente, vai versar as expectativas de viagens para o inverno de 2022 e o ano de 2023.
Curioso em saber como o seu alojamento pode cativar estes viajantes e captar mais reservas? A Ynnov conta-lhe tudo.
Segundo o estudo da ETC, a maioria das pessoas que viajaram durante a pandemia ficaram satisfeitas com a experiência da viagem no local de destino. Os principais obstáculos encontrados foram a nível das deslocações, especialmente quando o meio de transporte foi o avião. Os procedimentos requeridos à entrada nos países (como testes e certificados) e o tempo adicional passado nos aeroportos foram alguns dos pontos apontados pelos entrevistados como os principais motivos de frustração e descontentamento. Durante a estadia, os hábitos de higiene e segurança foram facilmente aplicados.
Como expectável, o estudo aponta que o Covid-19 tornou os viajantes bem mais cautelosos. Hábitos como não marcar viagens com bastante antecedência, planear tudo com maior detalhe e cuidado e seguir alguns cuidados básicos de higiene e segurança durante a viagem foram hábitos que se enraizaram e vieram para ficar, pelo menos nos próximos tempos. Recorrer à internet para obter informação e até mesmo agendar os vários aspectos das suas viagens (estadias, transportes, atividades extra, etc) passou a ser uma constante para a maioria dos participantes.
Adicionalmente, muitos dos inquiridos referiram que estão agora mais abertos a fazer seguros de viagem (para mitigar potenciais perdas financeiras), que investigam as medidas de higiene dos alojamentos e que estão a restringir as suas viagens a destinos mais próximos (de forma a conseguir voltar mais rapidamente a casa em caso de emergência). Cerca de um terço das pessoas referiu que vai continuar a evitar sítios com grandes multidões nas suas viagens.
Viajar está, sem dúvida, na agenda das pessoas, com 80% dos inquiridos a afirmar que é provável ou muito provável que agendem uma viagem este verão. Apesar de estarem a contar não ter de cumprir medidas de higiene e segurança muito restritivas, os turistas manifestaram o desejo de continuar a ver os destinos manter os altos padrões de higiene e cuidados postos em prática durante a pandemia (como, por exemplo, continuar a ter gel desinfectante à disposição dos hóspedes).
Outros aspectos importantes referidos foram o desejo de continuar a beneficiar de políticas de cancelamento flexíveis, bem como a valorização de uma boa ligação wi-fi que suporte férias híbridas de lazer e trabalho (como é o caso dos nómadas digitais , por exemplo). A nível mais macro, um desejo que também foi manifestado por vários dos inquiridos foi um serviço alternativo de transporte a nível europeu, de funcionamento semelhante à Uber.
Os países mediterrâneos estão, como expectável, entre os destinos preferenciais para a maioria dos viajantes para este verão. O top cinco apurado pela ETC é, assim, composto pela Espanha, Alemanha, França, Itália e Grécia. A ascensão da Alemanha à segunda posição relegou, infelizmente, Portugal para o 6º lugar do ranking. Os principais tipos de viagens mais procurados são natureza e ar livre, cultura e património, city breaks e sol e praia.
Nem o Covid nem a guerra entre a Rússia e a Ucrânia terão à partida um impacto negativo neste desejo de viajar pela Europa. Na realidade, 94% dos inquiridos referiram ter uma percepção positiva da Europa enquanto destino de viagens, sentindo-se apenas alguns mais cautelosos relativamente a visitar países da Europa de Leste.
Segundo a ETC, os alojamentos devem apostar em ofertas de última hora, de forma a cativar e acomodar as necessidades dos turistas que optaram por não fazer planos com antecedência. O uso da tecnologia como forma de angariação e venda de reservas, experiências e serviços complementares será um ponto a favor. Se as compras online já eram uma tendência crescente, agora tornaram-se um hábito enraizado na maioria dos viajantes.
As políticas de cancelamento flexíveis são também altamente recomendadas, pois esse é, sem dúvida, um dos aspetos mais valorizados pelo viajante pós-pandemia ao fazer as suas opções. Continue a divulgar abertamente a aplicação de medidas de higiene de relevo, porque isso continua a ser valorizado e a ser um factor de consideração na procura de um alojamento, agora que os hóspedes se habituaram a esse grau de exigência.
Adicionalmente, promover espaços e atrações menos conhecidas ou comuns será uma mais valia, para atrair os viajantes que estão agora direcionados para viver a experiência “real” dos locais, em vez de se restringirem à vertente mais comercial e massificada do turismo. Ao mesmo tempo, atividades outdoor e na natureza serão uma excelente maneira de captar hóspedes que ainda têm alguns receios relativamente ao Covid.
A nível macro, é recomendado aos países que promovam formas de transporte alternativas, para cativar viajantes que querem viajar para países próximos e, ao mesmo tempo, querem evitar aviões e aeroportos. É igualmente recomendado que países vizinhos realizem campanhas temáticas de marketing pan-europeias, para atrair turistas mais próximos. Se eventualmente voltarem a ter de ser implementadas medidas de segurança mais pesadas, os turistas valorizarão que sejam feitos acordos e haja coordenação entre os países sobre as medidas a aplicar, de forma a facilitar a obtenção de informação e a continuação das viagens.
Pode consultar o estudo completo no site da ETC , na secção Research > Publications.
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