Recentemente, o Primeiro Ministro apresentou ao país um conjunto de medidas que visam responder à crise da habitação nacional. As soluções apresentadas passam, essencialmente, pelo controlo do mercado imobiliário, desde os vistos Gold ao alojamento local, e pela regulação do valor das rendas.
Em conferência de imprensa , no passado dia 16, António Costa afirmou que “a habitação é uma preocupação central e transversal da sociedade portuguesa porque diz respeito a todas as famílias e não apenas às mais carenciadas”, o que inclui também “os jovens e as famílias da classe média.”
Neste contexto, o Primeiro-Ministro frisou que foram colocadas em discussão pública, um conjunto de medidas que visam dar resposta a cinco eixos prioritários.
Desde então, muita tinta tem corrido na imprensa e uma chuva de descontentamento tem abalado o setor do turismo que, como é sabido, é uma indústria impulsionadora de muitas outras e, até há bem pouco tempo, considerada “o tigre da economia nacional”.
Em termos práticos, as dimensões a apoiar são consensuais, as soluções apresentadas é que são alvo de profundas reflexões e críticas. A nossa sugestão é que esteja preparado para o dia 3 de março! Nesta data irá decorrer a reunião do Conselho Nacional de Habitação, onde serão ouvidos os principais agentes do mercado e, eventualmente, conhecidos alguns desenvolvimentos. Interessado em saber mais? A Ynnov destaca as principais medidas deste controverso programa.
O programa Mais Habitação contempla a possibilidade de terrenos classificados ou imóveis licenciados para comércio ou serviços poderem ser convertidos e utilizados para fins habitacionais. O governo compromete-se ainda a disponibilizar habitações a custos acessíveis para expandir a oferta de habitação. Para este efeito, anunciou a abertura de dois concursos dedicados à construção de edifícios modulares, de forma a atender rapidamente às necessidades emergentes de edificado para este fim.
O governo também propõe, disponibilizar terrenos ou edifícios públicos a cooperativas ou promotores privados em regime de Contrato de Desenvolvimento para Habitação (CDH), cuja cedência do direito de superfície poderá ir até 90 anos.
Para sanar a morosidade da aprovação dos processos de licenciamento (atualmente da responsabilidade de entidades públicas competentes), o governo apresenta como resposta a responsabilização dos projetistas. A penalização financeira das entidades que não respeitem os prazos estabelecidos para a execução de pareceres ou outras interações necessárias neste fluxo, também está contemplada. O governo adianta ainda a possibilidade do cidadão exigir juros de mora, quando lesado nesta matéria.
Se por um lado o governo assume a necessidade de reforçar a confiança dos senhorios, por outro, recomenda o arrendamento coercivo de habitações. Nesta matéria, o Estado pretende “mobilizar património devoluto, por razões de interesse público, através de "arrendamento compulsivo" por entidades públicas, com o respetivo pagamento de renda aos senhorios. O objetivo desta iniciativa é o Estado subarrendar habitações (preferencialmente), a jovens até aos 35 anos, famílias monoparentais ou famílias com quebra de rendimentos comprovadas. O cerne da questão são os critérios assumidos para habitações devolutas.
Para contratos de arrendamento anteriores a 1990, o programa esboçado sugere a proteção destas rendas, para inquilinos com idade superior a 65 anos ou deficiência com grau comprovado de incapacidade igual ou superior a 60%, assim como para inquilinos com um rendimento anual bruto inferior a 5 salários mínimos. Para compensação dos senhorios, serão contempladas isenções do Imposto Municipal sobre os imóveis (IMI) e do imposto referente aos rendimentos prediais, em sede de IRS.
O Governo também quer garantir que as famílias com taxas de esforço elevadas e com contratos de arrendamento celebrados em 2022 possam receber apoios para o pagamento das rendas, que pode auferir o valor mensal de 200 euros, para o período máximo de 60 meses. Para situações gerais de incumprimento no que diz respeito a pagamento de rendas, o Estado propõe assumir o pagamento devido aos senhorios, verificando posteriormente “se há uma causa socialmente atendível e resolvendo-a, ou despejando-o”. Nesta matéria, os pedidos de despejo passarão a ser registados no Balcão Nacional de Arrendamento após três meses de incumprimento e este processo passará a ser muito mais ágil.
Mas é também na esfera do alojamento local (AL), que o Governo entende encontrar soluções. Nesta perspetiva, o Estado considera necessário tomar providências que visam potenciar a expansão do mercado do arrendamento, em concreto e através da:
O fim dos vistos Gold (com exceção da renovação dos vistos existentes, “se se tratar de investimentos imobiliários, apenas para habitação própria e permanente ou se for colocado duradouramente no mercado de arrendamento”) e a regulação das rendas em novos contratos, cujos valores das rendas devem sem calculados com base no “resultar da soma da renda praticada com as atualizações anuais e do valor da subida da inflação fixada pelo Banco Central Europeu”, são as principais medidas encontradas para combater a especulação e resolver parte da raiz deste problema social identificado.
A isenção de mais valias para amortização de crédito à habitação do próprio ou descendentes, é uma das soluções eleitas para apoiar os contribuintes. O Governo apresenta, igualmente, a possibilidade da bonificação dos juros nos empréstimos habitação, cujo valor anual pode ascender a 720 euros e impor à Banca a obrigatoriedade de disponibilizar créditos habitação com opção de taxa fixa.
Concluímos este artigo, com uma reflexão simples: a habitação é efetivamente um problema social de extrema importância na atualidade, e medidas têm de ser tomadas. Mas será que mais habitação pressupõe menos alojamento local? Quais as consequências efetivas do declínio do Alojamento local para a economia nacional? Os próximos dias serão decisivos. Mantenha-se atento ao blog da Ynnov, para conhecer os desenvolvimentos desta temática.
Este artigo foi editado com base em informações oficiais, disponíveis na página do Governo da República Portuguesa e na análise do Idealista News .
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